Wednesday, January 02, 2008

PUBLICADO NA REVISTA CONTINENTE MULTICULTURAL


DURANTE A QUEDA

Durante a queda esqueci o porquê de haver pulado do trigésimo quinto andar do edifício da Previdência Social. Eu estava desempregado? Estava. Contudo, há milhões de desempregados pelo país a fora, mas só eu estava caindo. Falhara em conquistar o amor de Hilda? Falhara. Há milhões de malsucedidos no amor, mas só eu caía. Por mais que se esforçasse não conseguia me lembrar, por que eu pulara.
Apelei para os Céus: Por queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeê?
E a queda transformou meu apelo num horrendo grito.
A pergunta e a angústia, portanto, continuavam, como eu, no ar.
Por muito pouco. Porque o tempo nos impõe mais limites que o desespero, a falta de dinheiro ou o desejo. E na queda, como na vida, o tempo se esgota antes da resposta.

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